quinta-feira, 17 de maio de 2012

Paquita Morena



Quando pequena sempre sonhei em ser Paquita!
Que menina dos anos 90 não sonhou?
Gravava as músicas, colocava no toca fitas da nossa casa e saía dançando pela sala.
E na apresentação da escola na terceira série, lá estava eu liderando um grupo de colegas em uma coreografia impecável de Ilariê.
E peço encarecidamente para que ninguém faça uso desta informação e me sugira relembrar este momento quando estiver alcoolizada. Acreditem, eu ainda lembro de grande parte da coreografia!
Sempre que um novo concurso para Paquitas era lançado eu me animava e pensava: é agora!
Mas, como acontece com muitos dos nossos sonhos, o meu foi destruído por um comentário de uma coleguinha danada: todas as Paquitas eram loiras e eu morena!
Que grande decepção! Doeu perceber que eu estava fora do padrão.
E percebo hoje que esse foi um dos primeiros momentos da minha vida em que me senti assim, fora do padrão.
Quem dera soubesse naquele dia que ser fora do padrão se tornaria uma constante rotina na minha vida.
Ruim?
Imagina!
Ser fora do padrão pode ser uma delícia quando você aprende a bloquear aqueles "comentários da coleguinha danada".
Seguir um roteiro esperado por todos é como começar a ler um livro conhecendo o seu final. Eu gosto da expectativa da história. Posso até imaginar que a mocinha ganhará a batalha, mas enquanto não tenho essa certeza consigo sentir aquele friozinho na barriga de expectativa. 
Sei que ainda existirão muitos momentos em que me sentirei uma "candidata a Paquita fora do padrão". Momentos em que saber bem a coreografia não significará grande coisa. Mas espero que nesses momentos eu possa lembrar que quem estabelece o padrão e não aceita exceções perde muitos mais do quem não se encaixa nos requisitos. Quem fecha muitas portas acaba cercado apenas daqueles que permanecem acomodados na fila de espera. Já quem encontra muitas portas fechadas valoriza muito mais e faz a diferença naquela que permanece aberta.
Na minha trajetória, permanecer esperando na fila nunca foi uma opção.
E como nossos sonhos nunca morrem, é melhor a Xuxa não abrir um novo concurso de Paquitas. 
O porquê?
Agora eu sou loira =)

C.G.

2 comentários:

  1. Caty, adoro a maneira como tu escreve! És uma escritora nata, viu?! SAUDADES! Sílvia, Beijão~~~~;~)

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